Cursos a distância ganham adeptos e vencem resistência do mercado

Empregados, mais de 30 anos, pouco tempo livre e provedores de família. Profissionais com esse perfil encontram na Educação a Distância (EAD) a solução para as exigências cada vez maiores do mercado. São eles que engrossam a lista das mais de 930 mil matrículas em cursos de graduação não presencial registradas pelo último Censo da Educação Superior (Censup), do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnísioTeixeira (Inep). O ensino a distância responde por 14,6% do total de matrículas realizadas no Brasil. Para se ter uma ideia do crescimento desta modalidade de ensino, bastava dizer que, em 2001, a participação não chegava a 1%.

 De acordo com a Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), entre 2002, ano em que o MEC regulamentou o setor, e 2008, o número de alunos que optaram pela graduação a distância aumentou 900% e a tendência é que ele continue crescendo. “A expectativa é que, nos próximos dez anos, esse tipo de curso represente 50% do total de matrículas”, diz o presidente da Abed, Fradique Litto.

Alexandre de Paula Garcia, 42 anos, é um exemplo desse novo perfil de aluno. Garçom de uma rede de restaurantes, recentemente ele realizou o sonho de abrir seu próprio negócio: é um dos sócios da Elevada Empilhadeiras, especializada na manutenção de empilhadeiras. Ao tirar seu projeto da gaveta, percebeu a necessidade de se capacitar para aumentar as chances de sucesso da nova empreitada. Ele é aluno do curso não presencial de Logística da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). “Meu emprego como garçom e meu trabalho como empresário me impedem de frequentar as aulas do jeito tradicional. Sem a flexibilidade de horário e local oferecida pelo curso a distância eu jamais poderia estudar.”

O lugar-comum de achar que o Ensino a Distância (EAD) é uma alternativa oferecida pela iniciativa privada para aqueles que não conseguiram ingressar em instituições públicas começa a ficar em desuso. De acordo com o Censup, as universidades federais e estaduais respondem por mais de 45% dos 930 cursos de EAD existentes hoje no País. Fazem parte dessa lista alguns dos principais centros universitários do Brasil, como a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).

Há muitas razões que contribuem para a popularização do ensino a distância. Do ponto de vista conjuntural, o País passa por um momento de grande crescimento econômico, o que aumenta a exigência do mercado por mão de obra especializada, e a formação a distância é uma solução rápida para capacitação profissional. As dimensões continentais também contribuem, principalmente se levarmos em conta que apenas 50% dos municípios brasileiros possuem instituições de ensino superior.

“Uma parcela significativa da população não pode, por motivos financeiros ou familiares, se mudar para os grandes centros onde as faculdades estão instaladas; isso faz com que o ensino a distância se torne uma alternativa bastante atraente”, explica Litto. Também contam a favor do EAD os custos menores e a flexibilidade de horário e local. “Os alunos paulistas optam pelo EAD pela dificuldade de locomoção e falta de tempo em função das jornadas de trabalho. Em outros estados, como Bahia e Mato Grosso, a escolha é baseada na oportunidade de estudar em uma universidade que é de São Paulo, porque eles valorizam as universidades paulistanas”, explica a pró-reitora adjunta de Ensino da Unicid, Denise Aparecida Campos.

Na hora da contratação

A melhoria na qualidade das aulas e a criação de cursos não presenciais por instituições de renome fizeram com que o mercado mudasse a forma como enxerga o profissional que se gradua a distância. As empresas têm buscado mais informações sobre os currículos, os professores e a estrutura oferecida pelas universidades. O preconceito, assim, tem diminuído. “A descrição dos perfis das vagas que chegam até nós mostra que a procura por profissionais que fizeram EAD aumentou. A desconfiança existe, mas está diminuindo”, avalia a diretora de operações da Holden Recruiting Talents, Janice Von Muhllen.

Segundo o gerente geral da Gercon RH, Marco Leme, a valorização da capacitação não presencial é uma verdade inegável, principalmente entre pessoas que viajam muito e executivos que ocupam uma elevada posição profissional. “Cada vez mais, as empresas reconhecem a falta de tempo de alguns níveis hierárquicos, principalmente em cargos de liderança onde a empresa exige mais doação ao trabalho.” E completa. “Na hora da contratação, o empregador dá mais importância à experiência profissional do candidato e ao conhecimento técnico que ele possui do que ao fato do curso feito por ele ser presencial ou a distancia.”

Fonte: Canal Rh


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